Em recente estudo sobre a “Tríade Negra” foi apontado como característica da vitimização e a demonstrações de virtudes como sinais de narcisismo, psicopatia e maquiavelismo - traços de personalidade mal-adaptativos. O estudo intitulando “Sinalizando Vitimização Virtuosa como Indicadores de Personalidades da Tríade Negra “, foi desenvolvido pelos pesquisadores Ekin Ok, Yi Qian, Brendan Strejcek e Karl Aquino e publicado no Journal of Personality and Social Psychology.
Mas o que é a vitimização?
As pessoas vitimizadas tendem a se sentir infelizes. Acreditam não ter condições de mudar a sua vida e por outro lado sabem que o papel de vítima sensibiliza as pessoas. Assim, tentam usar isso a seu favor. Com suas queixas, elas conseguem chamar a atenção dos outros, transformando-se assim no foco das atenções, provocando uma sensação de que são importantes e especiais. Na ótica dos autores:
“A fortuna e a imperfeição humana garantem que em algum momento da vida todos passarão por sofrimento, desvantagem ou maus-tratos (...) quando isso acontecer, haverá alguns que enfrentarão seus fardos em silêncio, tratando-o como um assunto privado que devem resolver por si próprios, e haverá outros que farão um espetáculo público de seus sofrimentos, se rotularão como vítimas e exigirão indenizações por sua dor. Esta última resposta é o que nos interessa.”
Como lidar com um discurso de vitimização?
Usando o chapéu da mediadora de conflitos, fui exaustivamente treinada para garantir a a imparcialidade do procedimento de mediação, ou seja, qualquer desequilíbrio físico ou psicológico que perceba, deve ser imediatamente desvelado, explorado e consequentemente reequilibrada a mediação.
Assim, consigo concluir que, na vitimização uma das partes busca trazer desequilíbrio à situação negociada, por vezes objetivando quebrar o princípio basilar do mediador, que é a imparcialidade. Alguns exemplos de discurso de vitimização ditos em mesa de mediação:
Mediando: "Nada mais funciona na minha vida depois que eu ela me deixou!”
Mediando: "Não posso aceitar este acordo pois não tenho entendimento"
Em mediação, quando este discurso aparece, buscamos entender as necessidades apresentadas pela "suposta vítima" e trazê-la novamente para a situação de normalidade. Para isso, usamos discursos de empoderamento, esta ferramenta é considerada uma excelente técnica para reequilibrar a sessão e voltar o foco para os reais interesses, emoções e sentimentos envolvidos, como abaixo exemplificado:
Mediando: "Nada mais funciona na minha vida depois que eu ela me deixou!"
Mediador: "Entendo, como você contribuiu para que a situação tenha ficado como está?”
Ou ainda,
Mediando: "Não posso aceitar este acordo pois não tenho entendimento"
Mediador: "Entendo, o que esta me dizendo, e o que você pode fazer para lidar com isso?”.
Nosso mote, não é entender os motivos psicológico envolvido no caso, para tanto há diversos tratamentos psicológico que as partes podem procurar. Nosso papel consiste em realizar acordos factíveis e reais, sem vítimas ou ofensores.
Os estudiosos concluem que os participantes dos estudo que detinham discurso de vitimização estavam mais propensos a exagerar situações onde pudessem obter uma vantagem sobre os demais, uma associação que foi mediada pelos traços da Tríade Negra, dizem: “Nossa conclusão é simplesmente que os sinais de vítima são ferramentas eficazes de influência social (...) Também fornecemos evidências que apoiam nossa proposição de que, para algumas pessoas, esses sinais podem ser utilizados como uma tática dúplice para adquirir benefícios pessoais que, de outra forma, não receberiam”.
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